segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

CAMPANHA PUBLICITÁRIA ATÉIA

Segundo informa ZENIT.org, 11.01.2009, a Associação Humanista Britânica (BHA) lançou uma campanha ateia nos serviços de transporte público do Reino Unido – em 800 autocarros do país e no Metro de Londres – que proclama: “Provavelmente Deus não existe. Deixa de te preocupar e desfruta a vida”.

Transcrevo três reacções, que li na imprensa, frente a esta campanha.

A primeira reacção é do Sr. Stephen Green, director nacional da AssociaçãoChristian Voice, que apresentou uma denúncia à Advertising Standards Authority (ASA), argumentando que a campanha viola o código da publicidade por ser enganosa, dado que carece de fundamento.

Segundo seu regulamento, a ASA estabelece que «a publicidade não pode desorientar os consumidores. Isto significa que os anunciantes devem ter provas que demonstrem o que anunciam sobre seus produtos ou serviços antes de o anúncio aparecer».

Segundo Green, esta publicidade viola o código publicitário, «a não ser que os anunciantes demonstrem que provavelmente Deus não existe».

Segundo o denunciante, os promotores da campanha não podem desculpar-se dizendo que se trata de uma «questão de opinião», «pois nenhuma pessoa ou entidade firma a declaração. Apresenta-se como uma declaração de fato e isto significa que deve ser capaz de ser provada, do contrário se rompem as normas».

Um porta-voz da ASA declarou que a autoridade aceitou a denúncia.

Outra reacção é do Sr. Xavier Artola escreve no jornal “El Mundo”, no dia 13.01.2009: “A frase tem esse delicioso toque céptico tão ao gosto dos ingleses; nem sequer faz uma declaração taxativa, mas limita-se a indicar uma probabilidade… Rowan Williams, arcebispo de Cantuária, tomou com evangélico desportivismo essa campanha, celebrando o interesse, ao menos dialéctico, que se tomava pela ideia de Deus. Mas não tenho visto tal desportivismo entre nós. Pelo contrário, escutei comentários de furibunda repulsa por parte de crentes, comentários que julgo injustos.

As opções religiosas e metafísicas, crentes ou descrentes, são apostas pessoais, que jogam com um factor de probabilidade. Como todas as apostas a gente as faz a seu risco e ventura. Se a existência de Deus fosse uma evidência, não seria motivo de fé, nem de aposta. Trata-se porém dum terreno próprio para a liberdade de cada um, e a sua plausibilidade deve discutir-se no âmbito da sociedade civil.

Pessoalmente, eu prefiro fazer uma aposta crente, por problemática que seja, mas acredito que é igualmente legítimo fazer uma aposta ateia ou agnóstica. E não creio que haja nada de incorrecto em que os ateus publicitem suas opiniões e as defendam no âmbito da sociedade civil, do mesmo modo que o fazem as diferentes opções religiosas, de certeza, de maneira muito mais maciça. Não é competência dos poderes públicos numa sociedade aberta e democrática se pronunciarem sobre questões desta índole, mas garantir a convivência de todos num marco de direitos e deveres equitativamente estabelecidos… Numa sociedade aberta cabem perfeitamente diferentes alternativas de sentido, filosóficas, metafísicas e religiosas, sempre que aceitem as regras do jogo democrático… Em todo o caso, desfrutar da vida é um bom conselho para todos.”

Ainda soube duma terceira reacção, consistente em publicitar exactamente o contrário da publicidade de referência, para contrarestá-la: Deus existe; sê feliz com Cristo.

Tu, que achas?
P. Vicente Nieto

1 comentário:

  1. A Publicidade que nos entra pela casa a dentro (e não só, como revistas,na ruas, etc), domina toda a sociedade, ateia ou não . Uma autêntica doença, para mimi pior, porque não há cura possível.
    José F.

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