terça-feira, 13 de janeiro de 2009

COMENTÁRIO AO II DOMINGO DO TEMPO COMUM

PER VERBUM AD DEUM
Neste espaço tentaremos encontrarmo-nos com Deus por meio da sua Palavra, na palavra de cada domingo.
* * *
As leituras deste Domingo, o primeiro do tempo comum depois da celebração do Baptismo de Jesus, se resumem em duas palavras: chamamento e seguimento.

Num contexto histórico em que a palavra de Deus era rara (1 Sam 3,1), começa uma nova etapa na história da presença de Deus em Israel, uma presença sempre activa porque a lâmpada continua ainda acesa no santuário (1 Sam 3, 2).

A nova etapa começa com um chamamento. Um nome próprio é pronunciado: Samuel, Samuel. O chamamento confunde-se com as vozes conhecidas, a de Eli, e por ele é reconhecido. A voz conhecida remete à voz do Outro.

O jovem Samuel sente ressoar o seu nome, a palavra do chamamento, no mais íntimo das suas entranhas e responde, disposto a tudo: Fala, Senhor, que o teu servo escuta”. Ele intui que essa palavra vai orientar a sua vida, vai conformar a sua identidade. Crescerá por ela, iniciará uma vida nova, e ele mesmo, por ela e nela, impulsionará uma etapa nova na história do seu povo.

Algo semelhante acontece com os primeiros discípulos de Jesus. Também aqui começa uma etapa nova. O “dia seguinte” é o “terceiro dia” da “semana inaugural” no evangelho de S. João (cfr, cc. 1,19 – 2, 12), uma semana que faz recordar os seis dias da criação (cfr. Gen 1). Assim aqui está para começar uma “nova criação”, um novo povo, com Jesus, e com a presença dos primeiros seguidores.

O João Baptista assinala a aquele que passa, Jesus, revelando a identidade d’Ele mediante um nome simbólico: o Cordeiro de Deus. O leitor do evangelho sabe que com esse nome João e os seus discípulos estão a pensar no mistério do cordeiro pascal, compreendem que “aquele que passa” (isto significa a palavra “Páscoa”) realiza em si e inaugura a nova Páscoa, nele e por ele Deus concede a plenitude do perdão ao seu povo.
Esta indicação é um convite a segui-lo. A intuição primeira estimula o anseio de conhece-lo melhor, e vão a buscá-lo. No encontro e contacto com Ele descobrem a sua morada, a sua “casa”, a sua relação de intimidade como Deus, com o Pai; experimentam que habita no amor. E ficam com ele, admirados, seduzidos. A memória afectiva fixa a hora: era a hora décima (as quatro da tarde).

O encontro com Jesus, a descoberta da sua intimidade, converte-se imediatamente em proclamação - “encontramos o Messias (Cristo) ”, e a proclamação se faz convite: “Ele (André) o conduziu (ao seu irmão Simão) a Jesus”. No encontro Jesus fita os olhos e faz consciente do próprio nome, o nome da missão: “chamar-te-ás Cefas” (Pedra).

O Salmo, resposta à primeira leitura, e a leitura segunda, da Carta de S. Paulo aos Coríntios (1 Cor 6, 13-15.17-20), dão pistas do caminho do seguimento, da resposta ao chamamento. Trata-se não de realizar gestos rituais mas sim de cumprir a vontade do Pai, de oferecer a própria vida, representada no corpo, ao Senhor, de fazer-se um único corpo com Ele, com a sua entrega até a morte, de excluir, por tanto, qualquer outra entrega que pretenda ser absoluta, em particular a entrega na luxúria.
Que procures a Jesus, O encontres e O sigas numa entrega radical.
SALVE
P. Luis Rubio

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