sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

COMENTÁRIO AO VII DOMINGO DO TEMPO COMUM

PER VERBUM AD DEUM

A primeira leitura e o evangelho deste sétimo domingo do tempo comum coincidem em sublinhar a chegada duma realidade nova e muito melhor.

Por meio de Isaías Deus anuncia uma salvação tão maravilhosa que anulará a recordação das maravilhas passadas. Ele há-de provocar e guiar uma saída do desterro da Babilónia abrindo caminhos e rios no deserto. E ao julgar o povo pelas suas transgressões não ditará sentença de condenação mas apagará os seus crimes, esquecerá o seu pecado.

O novo e melhor se faz presente no evangelho na cena da cura dum paralítico levado no seu catre por quatro homens. O paralítico é como encarnação da humanidade pagã, considerada toda ela – os quatro homens representam os quatro pontos cardinais- pelos judeus como pecadora, incapaz e excluída da salvação.

Se a salvação se esperava só para Israel, Jesus actua na Galileia dos pagãos e em seu favor. Se a multidão, o povo judeu, fecha a porta e impede o acesso a Jesus dessa humanidade paralítica, o anseio dela de salvação é tão forte que rompe o cerco. A fé e a adesão a Jesus em qualquer lugar onde existir cancela o passado pecador, paralisador do homem.

A cura do paralítico é sinal de perdão do pecado, realiza uma nova criação, forma uma humanidade nova, capaz de se levantar, de caminhar erguida, de orientar e governar a sua vida. O reinado de Deus que Jesus prega consiste na criação desse homem novo, libertando-o do pecado e comunicando-lhe vida e autonomia para que possa dispor de si mesmo e desenvolver livremente a sua vida.

Desta forma e maneira revela-se a personalidade de Jesus que tem poder para realizar aquilo que se considerava característica exclusiva de Deus, apagar, eliminar o pecado. E manifesta também que Ele, o Filho do Homem, que era considerado como o juiz e dominador, não vem para dominar nem para condenar, mas para perdoar o pecado, realizando e manifestando a acção mesma e própria de Deus.

Com o Salmo pedimos a sanação profunda, aquela que cura e liberta do pecado, o elimina. Com Paulo, a quem os seus adversários acusavam de veleidade, pedimos a libertação da paralise, da ambiguidade que impede de actuar, decidir-se, confessar com firmeza a nossa fé. E pedimos também que o Senhor nos conceda o Seu Espírito, que nos confirme na libertação concedida.

P. Luis Rubio

1 comentário:

  1. As palavras de Jesus ao paralitico mostram, não só que Jesus tem poder para perdoar, mas que o faz aqui e agora. E fá-lo na unidade entre a sua palavra, o seu gesto, o gesto dos homens que transportam o paralítico e o próprio que acolhe gestos e palavras.
    No acolhimento da palavra e dos gestos de Jesus e dos gestos daqueles que nos levam a Ele, está o segredo da nossa conversão.
    Bonito este evangelho.

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