sexta-feira, 1 de maio de 2009

COMENTÁRIO ÀS LEITURAS DO IV DOMINGO DE PÁSCOA

PER VERBUM AD DEUM

Neste quarto Domingo de Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, e por isso Jornada mundial de Oração pelas vocações consagradas, continuamos a aprofundar no mistério da Ressurreição. As Leituras oferecem-nos duas imagens que nos ajudam a compreender melhor o caracter e a função do Ressuscitado.

A Primeira Leitura, dos Actos dos Apóstolos, oferece o núcleo central de discurso de Pedro aos dirigentes judios ao serem interrogados judicialmente com motivo da sanação do aleijado de nascença. Pedro afirma aqui com energia, depois de tê-lo feito diante do povo, a origem da sanação, não por obra de homens nem em virtude da própria força, mas “pelo poder do nome de Jesus”, mandado crucificar pelos dirigentes, mas actuando como salvador na sua nova condição de ressuscitado.

Também aqui, como no domingo anterior, fica patente que a história é conduzida por Deus e não pelos projectos dos homens. Segundo estes, o fundamento do povo são os seus dirigentes e por isso rejeitaram e eliminaram a Jesus. Deus, porém, O constituiu em “pedra angular” do edifício, o novo povo de Deus. Ele é quem lhe dá a consistência, a coesão, quem o compacta. Ele é o único que salva. Os dirigentes, quando rejeitam essa pedra, excluem-se a si próprios do fundamento, não são já donos do edifício, não poderão já nunca mais manipular as pedras que o configuram.

A imagem da pedra angular se aperfeiçoa com a imagem do Bom Pastor que nos oferece o Evangelho segundo S. João. Jesus explica, mediante uma perfeita alegoria, a qualidade do Pastor Bom, o “belo”, como o qualifica o original grego, o autêntico, o verdadeiro, o cabal, em contraposição ao mercenário ou assalariado. Este atende só ao seu próprio proveito ou interesse, abandona o rebanho quando espreita o perigo, é capaz de eliminar àqueles que lhe foram encomendados. O cabal, o perfeito, pelo contrário, não abandona seu povo, não se aproveita dele, não o submete ao seu próprio proveito, defende-o ainda com risco da sua vida. A sua relação com os que lhe foram encomendados é de cercania, de conhecimento afectivo mútuo, de intimidade, de amor. Entrega-se a eles para que tenham vida abundante, plena.

Com isto Jesus revela-se a si mesmo, identifica-se com o Pastor que faz visível a relação de Deus Pai com os homens todos, não só com Israel, realizando neles e com eles a relação que lhe une pessoalmente com o Pai.

Ambas imagens convidam à admiração, ao agradecimento. Experimentamos o amor que o Pai nos manifesta quando constitui o seu Filho como a nossa “pedra angular”, ao oferece-lo como o Pastor que em seu nome cuida nossos passos e orienta os nossos caminhos. Tudo isso ressoa nesse “pois o somos” (filhos de Deus) da segunda Leitura, ainda se vivemos só na fé e não na visão. Entretanto proclamamos, com o Salmo, que Ele é agora a “pedra angular” da Igreja, na qual fomos integrados pelo baptismo.

P. Luis Rubio

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