sexta-feira, 15 de maio de 2009

COMENTÁRIO ÀS LEITURAS DO VI DOMINGO DE PÁSCOA

PER VERBUM AD DEUM

A liturgia deste VI Domingo de Páscoa, em continuidade com o «permanecer» e com o «dar fruto» do domingo anterior, apresenta-nos e situa-nos no coração da mensagem de Jesus e na motivação mais profunda de todo o seu viver: o amor – agape –. Esta é a mensagem comum do evangelho e da segunda leitura, ambas de S. João.

Escutamos na 1ª Carta de S. João a palavra fundamental, básica, a síntese absoluta: Deus é amor. Não é uma palavra vazia, nem uma definição abstracta, especulativa, de filósofos. É expressão e conclusão duma experiência feita e vivida pelo próprio Jesus, comunicada e “tacteada” pelos seus discípulos.

Jesus sabe-se e reconhece-se amado pelo Pai, envolvido íntima e plenamente numa corrente de vida que o Pai lhe comunica, que o Filho acolhe e à qual co-responde assumindo, em obediência cordial, filial, o projecto de vida que o Pai quer comunicar aos homens.

No «fazer e dizer» de Jesus, os seus seguidores reconhecem o amor com que o Pai ama aos homens, porque entrega seu próprio Filho para a sua salvação. E experimentam e reconhecem ao mesmo tempo que Ele próprio os ama, os elegeu como amigos, revelou-lhes todo o seu conhecer do Pai, deu-lhes tudo aquilo que Ele é, até entregar a sua própria vida, até o extremo, até a morte.

O amor, pois, não é algo nosso. Amamos porque fomos amados afectiva e efectivamente.

A experiência do amor de Deus em Jesus leva o discípulo a co-responder com o amor aos homens. Um amor «porque» Deus em Jesus nos amou. Um amor «como» o de Jesus, que comporta a mesma experiência de amor e de obediência que vincula a Jesus com o Pai e que os leva a dar eles também a vida pelos irmãos. Dar a vida pelos irmãos é prolongar em nós a vida mesma de Jesus, o seu viver compartilhando tudo o que se tem, se conhece, se faz e se é, assumindo como própria a sua entrega até a morte.

Este amar como Jesus ama, que é olhar com os olhos de Deus, «sem acepção de pessoas», como diz a primeira leitura, faz cair todas as barreiras que dividem e separam os homens uns dos outros. Ele leva a Pedro, o primeiro dos discípulos, a superar e sair do particularismo judio, - a amar só aos da própria raça, povo ou crença -, a fazer-se “próximo” do centurião pagão e inimigo. E o Espírito, o Amor do Pai e do Filho, move o centurião a superar a oposição e inimizade para com o odiado judio. Assim sendo, os dois, transformados pelo amor, se encontram, e surge essa realidade nova, a humanidade nova, que é a Igreja, «casa e escola de comunhão».

A alegria que nos invade diante desta mensagem leva-nos a louvar o Senhor com as palavras do Salmo responsorial, porque «o Senhor revelou a sua justiça – o amor – a todas as nações».

P. Luis Rubio

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