SEI EM QUEM PUS A MINHA CONFIANÇA (2 Tm 1, 12)

Ontem, Domingo IVº da Páscoa, celebrámos o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Este Dia foi instituído pelo Papa Paulo VI, aquando do Concílio Vaticano II, para ser celebrado no IVº Domingo da Páscoa, por ser o domingo em que, nos três ciclos litúrgicos, se proclama o Evangelho do Bom Pastor (Jo 10), imagem bíblica síntese de toda a vocação e de toda a missão.

Cada ano o Papa envia uma Mensagem à Igreja por este motivo, com um lema específico. Este ano o lema está tirado de São Paulo: Sei em quem pus a minha confiança (2 Tm 1, 12). Dom António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, também dirigiu uma Mensagem a todos os católicos portugueses. Ambas as mensagens e outros materiais relativos ao Dia/Semana das Vocações estão disponíveis em www.myspace.com/vocacoes.

O básico deste Dia/Semana é a oração, e a oração pelas vocações de especial consagração (sacerdotais, contemplativas, missionárias e à vida consagrada nas suas múltiplas formas), em obediência à palavra do Senhor: A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Dono da messe para que envie trabalhadores para a sua messe (Mt 9, 37-38).

Dom António Francisco resume muito bem a mística e os objectivos da acção pastoral vocacional: De acordo com a Mensagem do Santo Padre, somos convidados a:
-- contemplar o diálogo vocacional entre a livre iniciativa do Pai e a resposta confiante de Cristo;
-- testemunhar a alegria de ser chamado e a beleza e urgência do chamamento;
-- vencer os medos próprios do tempo, do ambiente e do calculismo e a soltar as amarras arrastadas pelo cansaço, pelo desânimo ou pelas incompreensões;
-- aderir ao projecto de Deus com a liberdade de quem tudo deixa para entrar na escola do Mestre e para O seguir com ânimo confiante e agradecido;
-- viver sem reservas o Evangelho de Cristo, na fidelidade plena e feliz de quem acolhe os conselhos evangélicos como um dom e os cumpre com verdade e alegria;
-- ouvir o clamor do povo que pede servidores generosos e trabalhadores incansáveis que façam multiplicar os talentos, que semeiem com generosidade e que lancem de novo as redes, conscientes da dimensão do mistério da multiplicação, do tempo demorado e paciente da colheita e do milagre da abundância depois de uma noite inclemente de desânimo.

Habituados ao passado de seminários, noviciados e casas de formação cheios e confrontados com a nova realidade do envelhecimento dos efectivos pastorais e a escassez de candidatos, surge em nós, cristãos, jovens e menos jovens, a desconfiança e até o medo. “Vale a pena embarcar-se nesta aventura?”, perguntam-se os jovens. Os não tão jovens: “Que se passará em mais dez ou quinze anos?”

É por isso que o lema escolhido para esta Semana das Vocações – Sei em quem pus a minha confiança – é tão oportuno e reconfortante. Deus é que sabe, Deus é que salva. Cada um de nós tem de fazer tudo e só aquilo que pode fazer: Cumprir a vontade de Deus. Deus não pede impossíveis. E se pedir, dar-nos-ia a capacidade de realizar o que nos pede. Dá-me o que me pedes, e pede-me o que quiseres, rezava Santo Agostinho. Nada há impossível para Deus, quando a nossa vontade se lhe submete.

Tudo se resume, pois, em rezar pelas vocações e em realizar a nossa vocação pessoal. Amen.

P. Vicente Nieto