sexta-feira, 5 de junho de 2009

COMENTÁRIO ÀS LEITURAS DO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES, SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

PER VERBUM AD DEUM

Celebramos neste primeiro domingo depois de Pentecostes a solenidade da Santíssima Trindade. É um convite a nos submergir no mistério da vida íntima do nosso Deus que nos tem sido revelado como três pessoas numa única natureza.

A primeira leitura, tirada do livro do Deuteronómio, mostra que o Deus de Israel é o único Deus. Os povos que moravam ao redor de Israel acreditavam em muitos e vários deuses (politeísmo), consideravam deuses as forças da natureza ou as obras das mãos do homem, mas Israel confessa que o seu Deus é o único Deus, que não há nenhum outro nem junto a ele, nem sobre ele, nem frente a ele. Esta confissão é fruto não dum raciocínio ou convicção intelectual, mas sim duma experiência vivida na própria história. Ele, e só ele, tem actuado no Egipto, libertando o povo da opressão do faraó, mostrando-se assim senhor único da história, capaz de actuar em geografias várias, em situações de todo tipo, frente a forças inúmeras e formidáveis, em âmbitos diferentes da natureza. Assim se tem mostrado senhor único da história e dos elementos, um só Deus.

O Evangelho, o final de Mateus, oferece a síntese de vida de Jesus e o começo da missão dos discípulos, da Igreja, com uma fórmula em que se confessa o Deus único de Israel, o Deus de Jesus, como Pai, Filho e Espírito Santo. Nela Jesus Ressuscitado oferece-nos a revelação plena do mistério e da vida íntima de Deus. Uma vida que se define pela relação entre o Pai, o Filho encarnado em Jesus, e o Espírito, de ambos procedente. O discípulo de Jesus, aquele que crê Nele, é baptizado, ou seja, submergido, entregue, consagrado, «em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo», no mistério da vida íntima do Filho, e nele e por ele, nesse mistério de vida relacional dos Três, uma comunidade de vida e de amor que constitui o Deus único.

Esta condição de «filhos no Filho» é reafirmada por Paulo na segunda Leitura, da Carta aos Romanos. Nela diz-nos que pelo Espírito, que procede do Pai e do Filho, e é enviado por Jesus Ressuscitado, somos incorporados em Cristo, e que nesse mesmo Espírito somos estabelecidos numa relação de intimidade com o Pai, pelo qual somos verdadeiramente “filhos” de Deus e, pelo mesmo Espírito, somos capacitados para invocar o Pai de Jesus com a mesma invocação que usava Jesus, Abbá-Pai, cheia de ternura, de carinho filial. Só o Espírito pode inspirar em nós uma expressão tão audaz, que nos enche de alegria, leva a plenitude a nossa existência humana, e nos oferece uma segurança absoluta no amor de Deus.

Desde esta convicção feita confissão de fé, e desde esta experiência de comunhão com os Três, cantamos e expressamos, com o Salmo, a nossa felicidade e alegria por ter a este Deus, o único Deus, na comunhão das três pessoas, não só como Deus Senhor mas também como o nosso Abbá-Pai.

P. Luis Rubio

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