A Liturgia desde XI domingo do tempo comum apresenta-nos por meio de comparações tiradas da vida agrícola, algumas características do Reino de Deus, que constitui o centro da pregação de Jesus.
O profeta Ezequiel, na primeira leitura, fala ao povo de Israel, triste e no desespero depois da destruição do reino de David e pela condição de escravidão em que vive no desterro sob a opressão da triunfante e poderosa Babilónia. Por seu intermédio Deus promete fazer brotar um rebento do tronco seco, insignificante e rejeitado como inútil para qualquer construção, rebento que será transformado numa árvore frondosa e imensa na qual virão albergar-se aves de toda espécie, e será objecto de admiração e inveja da parte de todas as árvores altas, nobres, poderosas. Com isto o profeta, e Deus por ele, indica que não são os grandes poderes da história a salvar. Pôr a confiança neles é idolatria. Só a acção de Deus, o seu poder, constrói o futuro. Do povo de Israel, pobre, oprimido, sem esperança, brotará um ramo pelo poder de Deus que chegará a ser o centro dos povos, o portador da salvação. A poderosa Babilónia, símbolo de todos os poderes da história, será humilhada, abandonada como um tronco verdadeira e absolutamente inútil.
No Evangelho, S. Marcos apresenta-nos duas parábolas, a da semente que germina e cresce por si mesma e a do grão de mostarda. Na primeira indica que o reino de Deus, semeado pela pregação de Jesus, tem dentro de si uma tal força que é garantia suficiente e segura do seu crescimento até a perfeita madurez; cresce com um ritmo tudo seu, sem depender dos cuidados do homem, que espera com paciência e confiança, convicto do seu desenvolvimento até a perfeição apesar de todas as dificuldades e adversidades.
Na segunda, ressalta a desproporção entre a semente, - a mais pequena de todas – e a árvore frondosa na qual se refugiam multidões de aves. Assim o reino de Deus, que tem um começo humilde, pobre, se desenvolverá até converter-se na pátria universal dos humanos e transformar uma sociedade que se apresenta como inimiga, poderosa, triunfadora. A pequenez do reino não é sinal de falta de potência. Os critérios do poder, do esplendor, da grandeza, não devem ser aplicados à história do Reino de Deus.
S. Paulo, na segunda leitura, continuando um discurso sobre a ressurreição, exorta-nos à confiança diante do desmoronamento da nossa existência terrena. A fé e a esperança em Cristo Ressuscitado abre-nos um horizonte de vida em plenitude, uma vida nova, eterna. Isto nos dá segurança diante do tribunal e o juízo do Senhor, que não é motivo para o medo, mas sim estímulo para um empenho em “ser-lhe agradável”, em viver constantemente sob o seu olhar amoroso, até chegarmos a uma visão clara e plena, ao abraço definitivo.
Como um aspecto desse “ser-lhe agradáveis” aparece o agradecimento, que se traduz em louvor, porque a vida do Rebento, o Messias, e dos seus seguidores, cresce como a palmeira, se alça como um cedro, e «mesmo na velhice dará o seu fruto cheio de seiva e de vigor».
P. Luis Rubio
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