terça-feira, 17 de novembro de 2009

Inácio de Antioquia e a unidade e catolicidade da Igreja

(Introdução-4ª parte )(cont.)

A Carta a Policarpo (Pol) contém importantes admoestações pastorais do bispo de Antioquia ao bispo de Esmirna, S. Policarpo.

Na saudação inicial deparamo-nos já com a refontalização do ministério episcopal, ao dizer que o bispo se encontra numa relação estreita e sob a vigilância do “episcopado” de Deus Pai e do seu Filho, Jesus Cristo.

Os capítulos que se seguem não são outra coisa senão um óptimo programa pastoral, no qual Inácio exorta o bispo de Esmirna ao de-sempenho do episcopado com diligência, “de corpo e de espírito” e com a marca imprescindível da caridade pastoral (I; Cf. IV), prudência e simplicidade (II).

É necessário que o bispo esteja atento às “doutrinas estranhas” à fé e se man-tenha firme e em forma, como “atleta” sempre pronto a alcançar a vitória (III). Neste capítulo, o mártir de Antioquia apela Policarpo a aguardar “o que está acima do tempo, o atemporal, o invisível, que por nossa causa se fez visível, o impalpável, o impassível que por nós se fez passível, o que de todos os modos sofreu por nós” (III,2).

A figura do bispo e restantes ministros sagrados, volta a ser ressaltada de forma muito interessante nesta Carta, especialmente no capítulo VI onde diz que é necessário atender “ao bispo para que Deus vos atenda. Ofereço-me como resgate daqueles que se sujeitam ao bispo, aos presbíteros e diáconos” (VI,1). O capítulo V expressa uma interessante apologia tanto do matrimónio (em ligação estreita com a magnífica espiritualidade eclesiológica da Carta de S. Paulo aos Efésios 5,21-33 e com o conhecimento do bispo), como da virgindade: “Se alguém se sente capaz de permanecer em castidade para honrar a carne do Senhor, que permaneça sem presunção” (V,2). O importante é sermos magnânimos uns com os outros na doçura, tal como Deus o é connosco (VI,2). O cristão não tem, de facto, poder sobre si mesmo, na me-dida em que se encontra intimamente ligado e dedicado a Deus (VII,3).

Na despedida e recomendações finais, e depois de se despedir, de modo particular, de alguns membros concretos de Esmirna, exorta Policarpo e a sua comunidade a permanecerem firmes na unidade, em Cristo: “permanecei n’Ele, na unidade, e sob a vigilância de Deus” (VIII,3).

Drª. Teresa Pereira

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