sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Comentário às Leituras do Domingo I da Quaresma (ano C)

O caminho da Páscoa de Jesus começa agora. Ele é tradução da fé, da fidelidade, da certeza em Deus que é Pai; ele é manifestação da entrega, do amor, da paixão de Deus pelo Homem, seu Filho!

Quem somos e em que acreditamos? Que história é a nossa? Vivemos em função de quê? Como ultrapassamos as dificuldades da vida?

Moisés conduz um povo que se descobre eleito. Conduz um povo que viveu e experimentou dificuldades, tentações, provações... conduz um povo que aprendeu a reconhecer a sua origem e a fonte da sua felicidade. Moisés conduz um povo na fé e para a fé; ensina-o a reconher o seu salvador. Esta leitura do Livro do Deuteronómio revela-nos, hoje, a profissão de fé deste povo eleito.

A Epístola aos Romanos reúne a força teológica de Paulo e a grandeza da sua fé. Sendo este trecho uma verdadeira profissão de fé, não se apoia simplesmente na memória e recordação de acontecimentos reais, mas na vida concreta de um Homem: Cristo Jesus. Paulo revela aos irmão que o amor e fidelidade de Deus são manifestados por Cristo, Cristo ressuscitado. Fé, para Paulo, é adesão a uma pessoa concreta; é confissão, pela boca e coração, do Mistério Pascal.

A Fé que o Evangelho nos propõe é luz de Cristo sobre os acontecimentos da nossa vida: os de ontem, os de hoje, os de amanhã; sobre os acontecimentos que viveu o nosso povo, a humanidade inteira... Somos convidados a professar a nossa fé não só neste Domingo mas em todos os dias e em todas as circunstâncias da nossa vida. A primeira profissão de fé, o primeiro agradecimento a Deus, devemos celebrá-lo nas provações ou tentações, as quais Deus concede à nossa vida, como nos testemunha Jesus no Evangelho. As provas são necessárias na vida de cada um. Quem não ultrapassou provações ou tentações não é uma pessoa adulta, não é grande na fé, permanece uma criança. E quais são as dificuldades a que somos sujeitos? Segundo o Evangelho todas se resumem às provações vividas por Jesus: «Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo» (Lc 4,13). Estas são a tentação do pão, a tentação do poder e a tentação da falsa religião.

P. Francisco Couto

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