sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

COMENTÁRIO AO V DOMINGO DO TEMPO COMUM

PER VERBUM AD DEUM

Dizer-se-ia que a condição trágica da vida humana relaciona a primeira leitura, do livro de Job com o Evangelho, continuação da “jornada inaugural”de Marcos que encontramos no Domingo anterior.

Job, protagonista dum autêntico drama existencial apresenta, com imagens adequadas e belas, a tragédia de qualquer vida humana, cheia de desgraças, de sofrimentos, de angústia, ao longo de toda a sua duração, para as quais não se vê saída nem final. Mas Job intui um final feliz com esse “recordai-Vos”, dirigido a Deus, expressão de proximidade, confissão de confiança.

Jesus passa da sinagoga para a casa e a praça pública. O reino de Deus que apregoa acontece não só no âmbito religioso, mas também no espaço da vida familiar e afectiva, na condição ordinária da vida do povo. E lá se encontra com a miséria da condição humana, na casa, com a febre e a doença, na praça, com as multidões oprimidas por todo tipo de enfermidades e opressões. A sua intervenção se faz libertação, saúde plena.

Toma da mão, num gesto de máxima ternura, à sogra de Pedro, e a febre, o fogo que consume a vida, desaparece. E num gesto de máxima autoridade, levanta-a, antecipando a força da ressurreição. A mão até então inactiva, converte-se em mão servidora, símbolo da vocação de todo discípulo.

Enfermidades e opressões são eliminadas com a sua autoridade. Mas repete-se a ordem de não deixar falar aos espíritos. Com essa ordem, conhecida como o “segredo messiânico”, típico do evangelista Marcos, Jesus pretende evitar os entusiasmos e os mal-entendidos que poderiam levar à exaltação, ao triunfo fácil, á tentação do poder. Prepara assim e ajuda a compreender o mistério do seu final na cruz, a máxima tragédia e a revelação máxima do amor de Jesus, do amor de Deus para como os homens.

Somos convidados com o salmo, a aclamar ao Senhor, nosso Deus, o Deus de Job, o Deus de Jesus, que elimina o “sentimento trágico da vida”, porque salva os corações atribulados e, com maior ternura que às estrelas, chama a cada um pelo seu nome. E com Paulo, e como Paulo, somos convidados a ir por todas partes e nos converter em anunciadores agradecidos e gratuitos da boa notícia de Jesus que nos salva e liberta das doenças que nos prostram e dos espíritos que nos oprimem, e nos faz aptos para servir.

SALVE

P. Luis Rubio

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