segunda-feira, 11 de maio de 2009

MÉXICO LINDO E QUERIDO

-- Se eu pronunciar a palavra “México”, em que vocês pensariam espontaneamente? – Disse eu.

A resposta de quem comigo partilhava a mesa no refeitório não se fez esperar e foi unânime:

-- Em narcotraficantes e na “gripe mexicana”.

A minha pergunta foi propiciada pelas notícias dos últimos dias chegadas de México e também por um correio recebido por mim de um casal amigo mexicano, que tinha programada uma viagem a Europa – passando por Évora –, cuja anulação, por causa da gripe suína, me comunicavam.

Valha-me Deus! México reduzido a narcotráfico, com as suas sequelas de morte e corrupção, e a uma gripe que está a espalhar-se pelo mundo inteiro, qualificada de “gripe suína” ou “mexicana”, fazendo equivaler “suíno” com “mexicano”. Até onde caíste, México, “cielito lindo”!

Pretendo desagravar-te, “México lindo e querido”.

México é um país tão extenso (quatro vezes Espanha), com tantas belezas naturais (bosques imensos, desertos, neves eternas, praias em dois oceanos), com tal variedade de climas (há praias onde sempre é verão e localidades onde é sempre primavera), com tanta riqueza cultural e histórica… A meu ver, México é um dos países mais encantadores e turísticos do mundo. Recordo que acompanhando lá um casal amigo, europeu, que visitava México e que anteriormente tinha visitado o Japão, disseram: “México dá para voltar uma e muitas vezes, Japão não”.

Tanto é assim, que os mexicanos, brincalhões por natureza, brincam de si mesmos com a piada – dizem eles - de que Deus, para compensar pela negativa tanto dom a seu país, colocou nele os mexicanos.

Não concordo com eles: se México é maravilhoso, os mexicanos o são ainda mais. Quem isto escreve, não fala de ouvidas ou de cor. Fala com autoridade de quem viveu e trabalhou lá durante onze anos, em íntima relação, por ministério sacerdotal e por amizade, com toda a sorte de pessoas: ricas e pobres, cultas e incultas, crianças, jovens, maduros e velhos, simples operários e amas de casa e empolados profissionais e empresários.

México é um país muito extenso e racialmente variado. Não é fácil definir o mexicano. Quem é “o mexicano”? O do norte, o do sul, o indígena, o europeu, o mestiço (70% dos mexicanos o são), o do campo, o das cidades, quiçá o da área metropolitana da cidade de México com mais de 20 milhões de pessoas? Para o resto dos mexicanos, estes apenas são os “chilangos”…

Mesmo assim, falando eu da minha experiência e simplificando a realidade, qualificaria os mexicanos de gente muito amável, simpática, carinhosa, positiva e generosa. São assim especialmente com os padres. Nunca pedem, sempre dão, até os mais pobres.

México é um país maravilhoso com uma gente mais maravilhosa ainda. É por isso que estou a sofrer pelo México na actual conjuntura e pretendo desagravá-lo.

Deixo para a próxima semana escrever sobre outro tema de actualidade, que une o México com Portugal: a devoção mariana. É actual por nos encontrarmos no mês de Maio, mês especialmente consagrado à Virgem Maria. E é comum, porque os portugueses são marianos, de Nossa Senhora de Fátima; e os mexicanos também, de Nossa Senhora de Guadalupe.

-- 90% dos mexicanos – brincam eles - somos católicos; o 95%, gudalupanos.

P. Vicente Nieto

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