quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cultivar possibilidades

Já cultivaste possibilidades? Sim, possibilidades! Nasceste no meio dum campo de possibilidades. Boas e más. As boas, para as realizares; as más, para as evitares. Mas um campo de possibilidades não é como um campo de alhos, de cenouras ou de batatas! O teu campo de possibilidades é o espaço limitado da tua liberdade, o espaço onde podes converter os teus desejos em realidade, o lugar onde as coisas te são acessíveis e tudo te é oferecido. Por detrás de tudo isto está o preceito de que a ninguém é permitido perder tempo, pois o tempo de cada qual é feito de todas as possibilidades que se podem aproveitar para dar sentido à vida. A maioria das pessoas não sabe aproveitar o tempo, nem sequer em proveito próprio! Estão sempre a dizer: «Tenho tanto que fazer e não tenho tempo». Esse é um mau argumento, e elas usam-no a vida toda, como se fosse uma desculpa válida! Por acharem que não têm tempo, passam a vida em inutilidades. Lembra-te: só não há tempo para perder tempo. A vida é muito curta para ser vivida pela metade. Por isso, tens de viver plenamente todas as horas da tua existência. Tens de cultivar todas as possibilidades boas, mesmo que nem todas sejam intensas, pois a vida é feita de contrastes.

Uma grande parte da vida das pessoas é feita de lamentações, arrependimentos e ilusões perdidas. Quando alguém diz: «se eu tivesse tempo, teria feito...»! Tretas! isso é uma desculpa para apaziguar a consciência e os remorsos! A desculpa da falta de tempo serve para tudo, até para justificar o injustificável. Mas, aceitando que houve mesmo falta de tempo, ou falta de oportunidade, ou falta de vontade, é bom reconhecer também que, na vida, ninguém faz só o que quer. É preciso saber conviver com a realidade! Existem coisas que nunca poderemos fazer. Mas existem muitas outras que podemos. Cada um deve escolher, de entre estas, as que melhor se adaptam às suas capacidades, fazendo frutificar os talentos o melhor possível. Tu sabes quantos segundos tem um dia? – 86.400! Tu vives, em cada dia, oitenta e seis mil e quatrocentos segundos. Já alguma vez te deste conta do que isso representa? Que belo arsenal, hein? Dá para fazer milhões de coisas com esse tempo! Um bebé, apenas doze dias depois de ter nascido, já é um milionário em segundos! Pergunta, por isso, a ti mesmo, que tens feito desses milhares e milhares de segundos. Sabes que há pessoas que dizem que tempo é dinheiro. Eu espero que elas estejam erradas, porque se não, já imaginaste quantas dívidas teriam com tanto tempo perdido? E, no entanto, o sentido da tua vida passa por este princípio: «Faz tudo o melhor que puderes e deixa que Deus se encarregue do resto».

Nas aulas de catequese aprende-se que a preguiça se combate com a diligência, com a força de vontade, com o dinamismo de quem procura viver ideais. E nada há de mais pernicioso do que cruzar os braços perante a urgência em se ser generoso. Por isso, é sempre útil recordarmos o cartaz das empresas: «Nada mais prejudicial para quem trabalha do que a presença dos que nada fazem». Por isso, não ligues àqueles que te querem afastar dos teus sonhos, àqueles que querem desencorajar-te de continuares o caminho, àqueles que não acreditam em nada. É preciso ser loucamente apaixonado pela vida! É preciso ousar arriscar! Mesmo quando pensas que já és ousado, nunca estás a ousar demais. Quando te dás, nunca te dás demais, nunca o bastante. Faz tudo o melhor que puderes. Lembra-te de que nós fazemos bem o mal, e fazemos mal o bem! Dá sempre o teu melhor! E quando tiveres feito tudo o que está ao teu alcance, não te esqueças de recomeçar tudo novamente. E lembra-te de que, se não tens vontade férrea para cultivares todas as possibilidades que a vida te propõe em cada momento, os teus sonhos serão levados como folhas secas pela primeira brisa que por ti passar.

P. Madureira da Silva

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