quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pio XII e a II Guerra Mundial

V

RECOLHA HISTÓRICA DE VÁRIOS GESTOS DE RECONHECIMENTO AO PAPA PIO XII

GRATIDÃO DO RABINO-MOR DE JERUSALÉM, ISAAC HERZOG

Após a libertação de Roma, num momento ainda cheio de incertezas sobre o futuro dos Judeus na Itália, pois alguns ainda estavam em mãos Nazis, espreitando o possível perigo de uma vingança total do lado Alemão em situação de desespero pelo inicio da perda das posições militares; neste contexto, Pio XII declarou desassombradamente: «Desde há séculos, que os Hebreus vêm sendo tratados com toda a injustiça e desprezo É chegado agora o tempo em que eles serão tratados com Justiça e Humanidade. Deus o quer e a Igreja o quer. São Paulo diz-nos que os Hebreus são nossos irmãos em vez de serem tratados como estrangeiros, devem ser acolhidos como irmãos».[1] Parece que, para além destas afirmações de Pio XII, tão claras e esclarecedoras do seu próprio pensamento, ou seja, a prova evidente da índole autêntica de Pio XII, no seu amor por todos e da sua particular preocupação com a justiça e com a Humanidade a dar aos Judeus, está no facto que, durante todo o tempo da guerra, vieram junto dele, pedir a sua ajuda, chefes hebreus de todo o mundo. Um dos mais importantes foi o Rabino-Mor de Jerusalém, Isaac Herzog, a quem o Papa Pio XII confiou a mensagem de que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudar os Hebreus.

O Rabino Herzog deslocou-se à cidade de Istambul, na Turquia, com o intuito de recolher apoio financeiro para o “Jewish Aid Fund”, Fundo de ajuda aos Hebreus. Chegado a Istambul, Herzog encontrou, tal como lhe prometeu Pio XII, todo o apoio e ajuda no Delegado Apostólico daquela cidade, Mons. Ângelo Roncalli, que foi um colaborador exímio na dinamização da operação de salvamento dos Hebreus Balcânicos.[2] Foi nesta ocasião que Mons. Ângelo Roncalli comunicou textualmente a gratidão de Herzog, escrevendo: «O Rabino-Mor de Jerusalém, Herzog (…) apresentou-se pessoalmente na Delegação Apostólica com a finalidade de agradecer oficialmente ao Santo Padre e à Santa Sé, pelas muitas formas de caridade expressas aos Hebreus nestes últimos anos...».[3]

Depois da guerra, o Rabino-Mor de Jerusalém enviou ao Papa Pio XII «uma especial bênção pelos seus esforços com a finalidade de salvar vidas Humanas entre os Hebreus, durante a ocupação nazi em Itália» Quem levou esta mensagem, pessoalmente a Pio XII, foi o Judeu Harry Greenstein, depois director executivo da «Associated Jewish Charities of Baltimor» Associação Judaica de Caridade de Baltimor, nos E.U.A. Greenstein declarou em entrevista ao Tablet o seguinte: «Recordo muitíssimo bem a luz que brilhava nos seus olhos. Ele, Pio XII, respondeu que a sua única dor era a de não ter conseguido salvar um número ainda mais elevado de Hebreus»[4].

Ao tomarem conhecimento da morte de Pio XII, os Rabinos Mor do Egipto, de Londres, e de França pronunciaram palavras equivalentes de gratidão. Reparemos nas palavras de Golda Meir, na altura Ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, pronunciadas por ocasião da morte de Pio XII, no areópago das Nações Unidas: «Condividimos a dor do mundo pela morte de Sua Santidade Pio XII. Durante uma geração de guerra e de contrastes, Sua Santidade afirmou outras ideias de Paz e de compaixão. Durante os dez anos de terror nazi, quando o nosso Povo atravessou os horrores do martírio, o Papa levantou a sua voz para condenar os perseguidores e exprimir solidariedade pelas vítimas. A vida do nosso tempo foi enriquecida por uma voz que exprimiu as grandes verdades morais, colocando-se acima dos tumultos dos conflitos quotidianos. Exprimimos uma grande dor pela perda de um grande defensor da Paz».[5]



[1] Cit. in ADL Bulletin, Outubro de 1958; J. L. LICHTEN, Pope Pius XII and the Jews, National Catholic Welfore Conference, 1963, pag. 71.

[2] Tablet, Brooklin, 21 de Março 1963.

[3] A. MARTINI (s.j.), La Santa Sé de egli ebrei della Romaria durante la seconda guerra mondiale, in La Civilitá Cattolica, 112 (1961) III, pag. 461.

[4] Tablet, Brooklin, 21 de Março de 1963, cit. in Joseph L. LICHTEN, Pio XII e gli Ebrei, op. cit. pag. 72.

[5] Cf. Cividitá Cattolica, 109, (1958), III, pag. 323.

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