terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

“Epistula” Barnabae: a herança do judeo-cristianismo.

Breve resumo doutrinal (cont.)

3 - Dignidade baptismal:
Os capítulos XI e XVI justificam, de um modo muito belo e simbólico, a dignidade do cristão enquanto baptizado. O primeiro contém uma excelente tipologia da água (baptismo) e da cruz e o segundo demonstra como aquele que recebeu o baptismo se tornou num verdadeiro templo de Deus.

Diz assim o capítulo XI, 8-11: “Com efeito, ele quer dizer: "Felizes aqueles que, tendo colocado a sua esperança na cruz, desceram à água, porque a sua recompensa virá no devido tempo. Então, diz ele, retribuirei. Mas para hoje, ele diz: "a sua folhagem não cairá." Isso significa que toda a palavra de fé e caridade que sair da vossa boca será motivo de conversão e de esperança para muitos. E outro profeta diz ainda: "E a terra de Jacob era mais celebrada do que qualquer outra terra." Isso quer dizer que o Senhor glorifica o vaso do seu Espírito. O que diz ele a seguir? "Havia um rio que corria, vindo da direita, e árvores esplêndidas brotavam dele. Quem delas comer, viverá eternamente." Isso significa que descemos para a água carregados de pecados e sujidade, mas dela subimos para dar frutos no nosso coração, quer dizer, com o temor e a esperança de Jesus no nosso espírito. E "O que deles comer viverá eternamente", quer dizer: quem escutar, quando tais palavras são ditas, e acreditar nelas, viverá eternamente”.

Na verdade, a “descida para a água”, como alusão ao baptismo, é penhor de vida nova em Jesus Cristo e, portanto, instrumento de purificação e conversão.

A consequência de tal “descida” ou imersão baptismal origina, por sua vez, uma “subida” do homem que, em Cristo e robustecido pela fé, se converte verdadeiramente em templo de Deus. É o que se pode depreender das afirmações do capítulo XVI,7-9: “Eis, pois, que existe um templo. Como é que ele se edificará no nome do Senhor? Aprendei: antes de termos acreditado em Deus, os nossos corações eram uma morada corruptível e frágil, tal como um templo construído por mãos humanas. Com efeito, estava cheio de idolatria e era casa de demónios pois todas as nossas acções se opunham a Deus. Contudo, "ele será construído sobre o nome do Senhor." Estai, pois, atentos, para que o templo do Senhor seja edificado com esplendor. De que modo? Aprendei: recebendo o perdão dos pecados e colocando a nossa esperança no Nome, tornámo-nos, recriados desde o princípio. É por isso que Deus habita verdadeiramente em nós, tornando-nos sua morada. De que modo? Pela sua palavra de fé, pelo chamamento da sua promessa, pela sabedoria das suas leis, pelos mandamentos da doutrina, e ele próprio profetizando em nós, habitando em nós, abrindo-nos as portas do templo, que é a nossa boca, e dando-nos o arrependimento, introduz-nos no templo incorruptível”.

Drª. Teresa Pereira

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