quarta-feira, 19 de maio de 2010

No Centenário do nascimento de Jacinta, Bento XVI peregrino de Fátima

PARTE I
A Igreja de Roma disfruta, desde as origens, de um prestigio particular porque foi fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo, que testemunharam a sua fé pelo martírio e aí foram sepultados. É a única Igreja do Ocidente fundada por um apóstolo. Os Bispos de Roma (como Clemente: 90-100), em defesa da fé e da unidade, exerciam uma precedência reconhecida por Inácio de Antioquia e Ireneu de Lião. Roma surgiam como a sede de uma tradição privilegiada.

No Concilio Vaticano I em 1870 foi definido como dogma a Infalibilidade Pontifícia. No mesmo ano, a tomada de Roma marcou o triunfo da unidade politica da Itália que, desde 1859, vinha tirando ao Papa, progressivamente, todos os territórios. Até à assinatura dos acordos de Latrão, a 11 de Fevereiro de 1929, os Papas consideraram-se então prisioneiros no Vaticano.

O Papado assumiu, entretanto, uma dimensão internacional pelas intervenções na questão social (Rerum Novarum; 1891 e todas as encíclicas que assinalam o seu aniversário), pelas tomadas de posição nos conflitos mundiais, mesmo que a sua voz fosse pouco escutada, pelo encorajamento dispensado aos movimentos da Acção católica, pelas advertências a respeito das ideologias totalitárias (1937: Divini Redemptoris contra o comunismo ateu, Mit brennender Sorge contra o nazismo).

É neste contexto de grandes sofrimentos advindos pelo materialismo ateu e pelos totalitarismos que devemos situar as narrações que a Irmã Lúcia faz acerca da pequena Jacinta e que passamos a citar:

«Um dia, fomos passar as horas da sesta para junto do poço de meus Pais. A Jacinta sentou-se nas lajes do poço; o Francisco, comigo, foi procurar o mel silvestre nas silvas dum silvado duma ribanceira que aí havia. Passado um pouco de tempo, a Jacinta chama por mim:
- Não viste o Santo Padre?
- Não!
- Não sei como foi! Eu vi o Santo Padre em uma casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a chorar. Fora da casa estava muita gente e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre! Temos que pedir muito por Ele.
Já disse como, um dia dois Sacerdotes nos recomendaram a oração pelo Santo Padre e nos explicaram quem era o Papa. A Jacinta, depois, perguntou-me:
- É o mesmo que eu vi a chorar e de quem aquela Senhora nos falou no segredo?
- É – lhe respondi.
- Decerto aquela Senhora também o mostrou a estes Senhores Padres! Vês? Eu não me enganei. É preciso rezar muito por Ele.
Em outra ocasião, fomos para a Lapa do Cabeço. Chegados aí, prostrámo-nos por terra, a rezar as orações do Anjo. Passado algum tempo, a Jacinta ergue-se e chama por mim:
- Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre em uma Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com Ele?
Passados alguns dias, perguntou-me:
- Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?
- Não. Não vês que isso faz parte do segredo? Que por ai logo se descobria?
- Está bem; então não digo nada.»
P. Senra Coelho

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