sexta-feira, 24 de abril de 2009

COMENTÁRIO ÀS LEITURAS DO III DOMINGO DE PÁSCOA

PER VERBUM AD DEUM

No tempo pascal a Liturgia ilumina o mistério da ressurreição de Jesus e põe em relevo as suas consequências na e para a vida do crente.

Neste terceiro Domingo as leituras orientam-se a superar o escândalo provocado pela trágica morte do Messias, impensável para a mentalidade judia, reafirmam a realidade da ressurreição, salientam a importância do testemunho dos crentes.

Na Primeira Leitura, Pedro, na parte do discurso dirigido ao povo depois de ter curado, ele e João, um aleijado de nascença “em nome” e pelo poder de Jesus ressuscitado, leva ao povo a reconhecer que a história, tal como se descobre já pelo testemunho dos profetas, e tem acontecido na sorte do Messias Jesus, não é conduzida pelos homens mas sim pelo poder de Deus, que O glorificou ressuscitando-O de entre os mortos. A ignorância, a traição, a cobardia e inclusive a maldade dos homens, que levaram a Jesus à morte, não impedem, antes, provocam pela ressurreição o êxito do Servo de Deus, o condutor da vida, são o motivo e a causa da sua glória, manifestada agora na capacidade dada aos discípulos de curar o aleijado, na coragem para denunciar a conduta do povo, na fortaleça para dar testemunho desse Jesus rejeitado por todos, no profundo afecto que se faz convite ao arrependimento e à conversão para obter a salvação.

Superar o escândalo da morte de Jesus está presente também no evangelho de Lucas que narra a aparição de Jesus aos Discípulos, cheios de medo e incrédulos diante do testemunho dos que já o tinham visto, aos que explica a “necessidade” de tudo o que tinha acontecido com Ele, como estava já previsto nas Escrituras e anunciado por Ele várias vezes ao longo da sua vida terrena.

A afirmação da ressurreição de Jesus, proclamada por Pedro no sermão ao povo, corrobora-se no evangelho com a presença do Ressuscitado no meio dos Discípulos. Lucas salienta, mediante uma apresentação “material” – o convite a “ver, palpar”, o facto de pedir algo para comer – a realidade da ressurreição e a identidade do Ressuscitado com o Jesus com quem eles conviveram. Não se trata de um fantasma, não é uma criação da imaginação, não é uma projecção fruto da frustração das suas expectativas. A sua presença é concreta, real, indubitável. E o próprio Jesus, o crucificado.

A consequência fundamental para o crente na ressurreição é o testemunho, como acontece com Pedro no discurso dos Actos, um testemunho cheio de coragem. É o encargo que o Ressuscitado incumbe aos Discípulos, e neles e por eles, a todos os crentes de todos os tempos para todos os lugares e para todos os homens. O testemunho se refere também ao perdão dos pecados acontecido na morte de Jesus, como afirma a segunda leitura da Primeira Carta de S. João, e cuja garantia é a intercessão permanente de Jesus que está diante do Pai como nosso Advogado.

Por tudo isto pedimos no Salmo que o Senhor faça “brilhar sobre nós a luz do seu rosto”, com um olhar de amor e de misericórdia que nos leve à conversão, à “guarda dos mandamentos”, cuja síntese é o amor.

P. Luis Rubio

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