sexta-feira, 22 de maio de 2009

COMENTÁRIOS ÀS LEITURAS DO VII DOMINGO DE PÁSCOA, SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

PER VERBUM AD DEUM

A Liturgia deste domingo, em que celebramos a Ascensão do Senhor, ajuda-nos de novo a compreender mais plenamente o mistério do Ressuscitado e compromete-nos a nós, cristãos, a serem-mos continuadores da sua missão no mundo seguros da sua «presença».

A primeira leitura, o início dos Actos dos Apóstolos, e o evangelho, conclusão canónica de Marcos, apresentam a “despedida” de Jesus com imagens espaciais, como um fenómeno observável a simples vista, como uma “ascensão”, uma “subida” ao céu até ser envolvido nas nuvens. É uma maneira, sem dúvida, plástica e, ao próprio tempo, belíssima, de afirmar e descrever um aspecto da realidade da Ressurreição de Jesus. A imagem de “subir” e a de “sentar-se” a direita do Pai significam que Jesus, na sua humanidade já gloriosa, transformada pela ressurreição, tem sido introduzido na corrente de ser e de vida de Deus Pai. A “ascensão” é, assim, a realização plena do “êxodo” de Jesus desde a condição terrena, para a sua condição divina, da qual tinha “descendido” (2ª leitura). Desta maneira sublinha-se o triunfo universal, cósmico, do Cristo Ressuscitado, o seu senhorio e domínio sobre o mundo humano e cósmico, sobre a história toda.

A “ausência” do Jesus “ascendido” faz possível um novo modo de presença já não limitado nem condicionado pelo espaço e pelo tempo. E, por sua vez, dai em diante deixa lugar para a missão dos discípulos. Ele destina-os a não ficar parados a “olhar para o céu”, antes os envia a precorrer os caminhos do mundo para continuar na terra a proclamação da sua Palavra e a realizar as mesmas obras de libertação e salvação dos homens que constituíram a vida e actividade terrena de Jesus. A «boa notícia» não é confiada a um livro, nas sim a pessoas, aos seguidores de Jesus, a nós. Agora as nossas palavras e as nossas vidas são aquelas que narram e revelam o rosto do Pai manifestado em e por Jesus. Isto se realiza na Igreja por meio dos múltiplos dons entregues pelo Ressuscitado/Ascendido que, em comunhão com Ele e entre eles, realizam a obra – o serviço - de edificar o Corpo de Cristo, de levar os homens à plenitude da sua vocação (2ª. leitura). Com a certeza de que, desde o senhorio de Cristo Ressuscitado sobre todos os “poderes”, ele assiste e fortalece – coopera com eles – para enfrentar e superar todos os dinamismos que povoam e pululam o mundo dos homens e os empurram para obrar o mal, a injustiça, o pecado.

Com o Salmo responsorial também nós, conscientes de que aquilo que é verdade para Cristo, Cabeça da Igreja, cumprir-se-á também um dia em nós, acompanhando Jesus Cristo na grande procissão que desde o desterro do mundo leva-O ao trono/seio do Pai cantando: «Deus ascende entre aclamações, o Senhor ao som de trombetas».

P. Luis Rubio

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