sexta-feira, 26 de junho de 2009

COMENTÁRIO ÀS LEITURAS DO XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

PER VERBUM AD DEUM

A Liturgia deste XIII domingo do Tempo Comum ressalta a perspectiva de Deus como «o amigo da vida», que se faz presente e actua em Jesus, o «Senhor da vida e da morte».

A Primeira leitura, do livro da Sabedoria, apresenta a condição humana assinalada pelo horizonte da morte mas não como parte do projecto de Deus. O Criador comunica o seu ser, a sua vida, a toda a sua obra e não a destina à destruição. A presença e domínio da morte não é obra de Deus. Ele quer e mantêm uma relação vital com todas as criaturas e muito particularmente com o homem, a sua imagem. Se essa relação fica destruída, é porque alguém, inimigo da vida, intervêm e a rompe.

O Evangelho de Marcos mostra-nos Jesus como «senhor da vida». Duas mulheres, elas que pela sua própria natureza são fonte de vida, encontram-se em situação de morte: uma rapariga na idade de começar a gerar vida – tinha 12 anos – está próxima a morrer; uma mulher na plenitude da vida está impedida de gerar pelas contínuas hemorragias incuráveis que padece. A rapariga, depois de morrer, é reanimada e devolvida à vida pela intervenção de Jesus, que responde à súplica do pai da menina, cheio de fé no Seu poder e compaixão. A mulher, cheia ela mesma de fé e confiança no poder de Jesus, e de coragem para superar a sua marginalização, é curada das suas hemorragias recuperando assim a sua capacidade geratriz. Em ambos os casos, diante dos quais tinham fracassado todos os esforços médicos humanos, Jesus revela-se como cuidador e senhor da vida, como alguém que tem poder sobre a morte. Com Ele começa um tempo de plenitude vital, que se alcança pela fé na sua pessoa. Ter fé em Jesus é entrar no âmbito desse Senhor da vida, que é capaz de superar todo mal inclusive a mesma morte. As duas mulheres, mercê à fé, recuperam a vida e se convertem em fonte de vida. As duas são sinal e antecipação da ressurreição do Senhor da Vida.

Nesta perspectiva pode ser lida também a segunda leitura, a exortação que Paulo dirige à comunidade de Corinto a mostrar-se generosa na colecta que está a organizar em favor dos irmãos ameaçados de morte pela fome declarada em Jerusalém. A fé em Jesus, que sendo rico se fez pobre por amor, motiva a renúncia a parte dos próprios bens, em certa medida garantia para a vida, em ordem a comunicar vida àqueles que pela fome estão submetidos e próximos à morte. A colecta revela-se assim um meio de comunicação e de comunhão de vida em virtude da fé no mesmo Senhor da vida.

A experiência de ser salvos da morte, das energias que a ela conduzem, move-nos, com o Salmo, a louvar a Deus, amigo da vida, a Jesus, Senhor da vida, “porque tirastes a minha alma da mansão dos mortos”.

P. Luis Rubio

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