terça-feira, 9 de junho de 2009

CONSTRUIR-SE A SI MESMO

(continuação)

O desenvolvimento Religioso

A religiosidade dos adolescentes - O adolescente atinge um desenvolvimento intelectual e um desenvolvimento psico-afectivo suficientes para assimilar as noções religiosas e purificá-las dos resquícios infantis das etapas anteriores. Pode aproximar-se ao mistério último da existência, do cosmos, do mal… de uma nova forma. As capacidades próprias dos adolescentes não só permitem uma evolução da compreensão de Deus, como também que se pronunciem acerca ou não da sua existência, da vida para além da morte, do papel da Igreja. Quando aparece a dúvida religiosa? Por volta dos 11 anos já aparecem sinais de críticas e rupturas das crenças. Aos 13-14 anos é quando se manifesta a crise. As crenças são criticadas a partir da razão, da ciência… A concepção que os adolescentes têm de Deus depende do que aprenderam nas aulas de religião e na catequese. A família e o contexto social também têm a sua importância. Esta concepção é vista, muitas vezes, como que à margem de outros saberes científicos e filosóficos. Há os temas do mal e do sofrimento… Muitos permanecem num nível muito infantil do pensamento religioso, que contradiz o ponto de vista científico, outros preferem fazer uma separação entre religioso e científico e outros preferem classificar como ingénuo tudo o que está relacionado com a religião. Também são fonte de dúvida aspectos afectivos e pessoais. O adolescente vê-se obrigado a dar uma orientação à sua vida e tem necessidade de tomar uma postura em relação ao religioso. Este processo não se desenvolve em todos do mesmo modo mas de modos diferentes. Dão-se também vários mecanismos de evitação da identidade religiosa Mas também acontece que o desenvolvimento intelectual, a capacidade de admiração e o crescimento em intimidade e em relação possam converter este tempo, da adolescência, em tempo de interiorização que leva alguns a adoptarem uma postura de fé. Isto pode dar-se mesmo com aqueles que na infância não tenham tido qualquer socialização religiosa.

A evolução da religiosidade nos adultos - Não há muitos estudos acerca destas idades. O adulto evolui na sua religiosidade enfrentando e adaptando-se aos novos reptos que lhe propõe a vida adulta. Pode passar por uma fase em que a religião ou é aceite de forma bastante passiva ou abandonada passivamente (19-30 anos); por outra que implica uma determinação da religião na vida do sujeito (a partir dos 30 anos); e ainda uma que envolve resignação generalizada no decurso da velhice. Em numerosas pessoas adquire uma importância crescente. A religião chega a ser uma forma importante de enfrentar a morte (a partir dos 60 anos). Na idade adulta entende-se que os sujeitos projectam sobre Deus tanto a imagem paterna como a materna. Mas também é preciso ter em conta que à medida que avançam na idade o vínculo entre a imagem divina e as imagens parentais tende a diminuir.

Irª. Fátima Semblano, SSI

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