quarta-feira, 10 de junho de 2009

S. CLEMENTE DE ROMA E A EPISTULA AD CORINTHIOS (c. 96 d.C): apelo à obediência e unidade eclesial (2ª parte- cont.)

Uma última palavra sobre este precioso documento vai para o que o autor entende ser as marcas distintivas da vida cristã.

Clemente vê realmente no incidente de Corinto a consequência de um arrefecimento da caridade e de outras virtudes cristãs às quais irá insistentemente fazer apelo. A sua Carta é, sem sombras de dúvida, um apelo vibrante à concórdia, à paz, obediência, penitência e ao amor fraterno.

O tema da humildade, que encontra em Jesus Cristo o modelo perfeito (XVI,1-2), surge, com uma larga frequência, ao longo da sua Carta (65 vezes) e parece ser a virtude fundamental do cristão nas relações com os seus irmãos.

Como os textos falam por si, saboreemos, particularmente, os seguintes:

«Considerai, caríssimos, que modelo nos foi dado. Se o Senhor assim se humilhou tanto, que devemos nós fazer, nós que por ele andamos sob o jugo da sua graça?» (XVI,17).«A humildade e submissão de tantos e tais homens [referindo-se a alguns testemunhos do AT] afirmando assim a humildade e o temor, graças à obediência, não só nos tornou a nós melhores como às gerações que nos precederam e bem assim a todos os que receberam as suas palavras em temor e verdade» (XIX,1).

A experiência da humildade é, na verdade, para o bispo de Roma o único remédio para viver em graça e dar testemunho de Cristo na Igreja e no mundo.

Além disso, para Clemente, o cristianismo e a vida cristã inserem-se necessária e radicalmente na comunhão e unidade eclesiais. A fé cristã requer, por isso, a observância de uma disciplina que se compare à das sociedades civis, embora radique no mistério da iniciativa de Deus.

Drª. Teresa Pereira

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