sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Comentário às leituras da Solenidade de Todos os Santos

O Domingo XXXI do Tempo Comum é, este ano, “substituído” pela Solenidade de Todos os Santos. Celebramos aqueles que do peregrinar desta terra passaram à mesa do banquete celeste. São para nós auxílio e exemplo, sinal e certeza de que Deus sonhou para nós a santidade; são esperança porque, sendo homens como nós, Deus os fez sentar junto a si, como filhos, vivendo da sua perfeição.

A leitura do Apocalipse de São João apresenta-nos como que um mundo novo, onde a vida impera. Este mundo novo é constituído por um novo povo, é o novo Israel, o povo eleito de Deus, do qual fazem parte todas as nações da terra, todos quantos passaram a “grande tribulação e que lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro”. São uma multidão imensa: 144 mil (12 x 12 x 1000) = indica a totalidade da comunidade cristã. Estes são os santos, os que tomaram consciência do dom que o Pai lhes deu: em Cristo, Deus concedeu-lhes a sua vida, o seu Espírito, a sua santidade! Não os entendamos como privilegiados! Entendamo-los como lutadores da fé e da esperança. Afinal, a morte (e todo o sofrimento e dor em Cristo) é novo nascimento!

A Primeira Epístola de São João deixa-nos bem claro que ser santo consiste, acima de tudo, em «ser filho de Deus»! «E somo-lo de facto!» A origem e a causa da santidade é o próprio amor de Deus. Então, não nos fazemos santos! É a Deus que pertence, pelo seu amor e misericórdia, tornar os homens santos. Possibilidade esta que nos é oferecida no Baptismo, pelo qual nos tornamos uma coisa só (um só corpo) com o Unigénito (Único) Filho do Pai.

O Evangelho de Mateus é a magna carta do reino de Deus, ou, se quisermos, o código de vida do cristão: as bem-aventuranças!
Encontramo-nos no início do chamado sermão da montanha. Aí, no alto do monte (como se fosse o novo Horeb), está Jesus (o novo Moisés) fundador de um novo povo, ao qual dá as suas leis e mandamentos. Jesus fá-lo sob o testemunho das multidões, mas fala directamente para os seus discípulos… afinal foram eles que saíram da multidão para seguir o Messias, para se assemelharem a Ele, foram eles que acreditaram e descobriram Cristo como a sua consolação, a sua terra prometida, a justiça, a misericórdia, foram eles que viram em Cristo o rosto de Deus e o seu serem filhos de Deus! Estes são os bem-aventurados! Estes são os Santos!

P. Francisco Couto

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