sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Comentário às leituras do Domingo XXVIII (ano B)

Na liturgia deste Domingo, como em toda a Bíblia, a vida surge como o bem mais precioso que possuímos. Nela, todos os dias somos chamados a fazer escolhas. E escolher significa deixar/renunciar a outras. Radica aqui o centro da mensagem: sendo Jesus a verdadeira vida e a vida em plenitude, só a conseguiremos obter se estivermos dispostos a renunciar à nossa própria vida, o tal bem mais precioso que possuímos.

A Primeira leitura, do livro da Sabedoria, recuperando a oração de Salomão que pede para si, não vida longa nem riquezas, mas sabedoria, discernimento e docilidade (cf 1Re 3,6-9), coloca em manifesto a importância da escolha certa para a vida. Sabedoria e inteligência são o caminho certo para se encontrar a verdadeira vida. Elas ajudarão o homem, mais que qualquer bem da terra, a apreciar e a interpretar a própria vida segundo os critérios de Deus, a verdadeira sabedoria para o homem. Sublinhe-se aqui, o verbo com que se inicia a leitura: «Orei…». Não existe outra forma de receber estes dons que não pela oração!

O Evangelho de Marcos mostra-nos isto mesmo. Reparemos no jovem que se aproxima de Jesus no momento em que Este inicia o seu caminho para Jerusalém (Cidade de Deus, lugar do dar a vida, lugar da ressurreição, lugar da nova vida…): aproxima-se correndo, ajoelha-se diante de Jesus e pede-lhe ajuda. Parece ter pressa em descobrir a verdadeira vida (a eterna), adopta uma posição que nos indica uma postura de oração e “reza” (questiona Jesus…), pede “sabedoria”… Tem consciência de que obedece/cumpre os mandamentos mas sente-se incompleto. No entanto, como as “riquezas” da nossa vida terrena nos podem barrar o caminho da vida eterna! Aqui, só a Sabedoria de Deus nos poderá trazer essa salvação: «Segue-Me!» Afinal, o caminho da vida eterna não é um negócio, mas uma entrega descoberta a partir da oração, sabedoria de Deus, correspondida na nossa vida pela escolha do caminho de Jesus.

A segunda leitura, a Epístola aos Hebreus, reforça, sobremaneira, a radicalidade da opção por Jesus e seu caminho (para Jerusalém). A Palavra de Deus é potente e exigente, viva e eficaz, «tudo está patente e descoberto a seus olhos»… A ela devemos prestar contas… diante dela (o que significa na oração) devemos tomar decisões radicais; melhor, ela obriga-nos a tomar decisões radicais! É o homem (o jovem) diante de Jesus, o Verbo de Deus.

O salmo reflecte a necessidade da verdadeira oração pela necessidade da sabedoria do coração, por parte da comunidade dos discípulos de Jesus. Canta a confiança em Deus e a certeza da participação na sua glória. Canta a confiança das escolhas em Deus e a certeza da fé verdadeira do que reza.

P. Francisco Couto

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