sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Comentário às leituras do Domingo XXXIII (ano B)

A espera messiânica de um «regresso» caracteriza quer a esperança de Israel, quer a cristã. Na realidade, esta espera é marcada por um conjunto de «regressos»: Nós esperamos o regresso do Filho do Homem, Israel espera o regresso de todos os seus filhos (dispersos) à Terra Prometida, mas Deus, sobretudo, espera o nosso «regresso»: ao seu serviço, pela conversão.

A primeira leitura retirada da profecia de Daniel, e marcada por um tom apocalíptico, revela-nos, como pela primeira vez em todo o Antigo Testamento, é afirmada a ressurreição dos mortos. A mensagem é de esperança! Israel vive uma forte perseguição movida por Antíoco IV, rei feroz, mau. O autor, através dos artifícios da linguagem apocalíptica, transmite aos seus destinatários uma mensagem de esperança que os levará a defenderem a sua fé até à morte. Incita à vigilância e à perseverança. O fim do mundo que chega é o da maldade e da injustiça, não o da humanidade. Chegou a hora de dar lugar ao reino de Deus!

A Epístola aos Hebreus, que continua o tema do sacerdócio de Cristo e a comparação com o sacerdócio da Antiga Aliança, é garantia desta esperança e ressurreição. A certeza do seu estar à direita de Deus é certeza da nossa eternidade e do nosso «retorno»/«regresso» à comunhão com Deus. De uma vez por todas, o nosso pecado foi vencido pela sua oferta generosa de vida. Nesta feliz esperança é hora de manifestarmos a nossa fé.

O Evangelho de Marcos, em jeito apocalíptico, apresenta uma clara referência à parusia, a vinda definitiva, a do fim dos tempos, do Senhor Jesus. Será nesta vinda que reunirá (retorno) os seus eleitos (como nos diz a segunda leitura: os que Ele santificou) dos quatro pontos cardeais. No entanto, esta vinda não parece estar iminente, ainda que seja real: «Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece…». Então que mensagem nos quer deixar Jesus? Primeiro que o tempo que nos é dado neste mundo deve constantemente ser vivido em espera e vigilância; depois deixa-nos uma mensagem de consolação, de conforto, para que não deixemos cair os braços diante das dificuldades, das perseguições, das divisões, da opressão. Ao fim e ao cabo, a última vinda começa hoje! E a Palavra do Senhor nos acompanhará e nos reunirá.

O Salmo surge como uma verdadeira profissão de fé neste Deus que da nossa noite faz dia. O Senhor é segurança, presença constante, herança. De facto, o autor parece contar a experiência interior de alguém que se sente «regressado» ao Senhor e n’Ele afirma a sua confiança, fidelidade e alegria.

P. Francisco Couto

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