sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Comentário às leituras do Domingo II do Advento (ano C)

A esperança que desde sempre os profetas anunciaram está quase a cumprir-se: é necessário preparar-se para ela revestindo-se da esplêndida veste da conversão do luto à alegria. Jesus está para chegar e levar à plenitude as «grandes coisas» que Deus fez/faz pelo seu povo.

A primeira leitura, retirada da profecia de Baruc, continua a ser reflexo de Advento! Deus cumpre sempre o que promete! A realidade da mensagem reporta-se a Babilónia e ao cativeiro do povo, anunciando Ciro, que está para chegar e, consequentemente, a queda do império babilónico. O profeta vê nos acontecimentos históricos do seu tempo os sinais da fidelidade de Deus às suas promessas: Israel regressará à sua terra! Contudo, esperar ou confiar implica também recordar o passado (o porquê do «castigo») de forma a viver, no futuro, em fidelidade; é por isso que Deus, quase mãe amorosa, exorta o filho Israel a não pecar mais. O seu desejo não é outro do que o de circuncidar o seu filho (o povo) de amor.

A Epístola de Paulo aos Filipenses apresenta-nos uma forte exortação do Apóstolo a todos quantos abraçaram a causa da fé, os cristãos. Exortação esta que descreve muito bem a vida cristã como uma vida nascida de um acontecimento excelente: a vinda do Senhor e o nosso regresso ao mesmo Senhor! A vida cristã é um crescer contínuo, em tensão constante entre estes dois acontecimentos, e abundante no amor. Para viver desta forma, Paulo sugere duas atitudes imprescindíveis: confiança ou esperança inquebrantável em Deus e nas suas promessas e cooperação ou empenhamento na difusão do Evangelho pela prática do amor.

O Evangelho de Lucas, apresenta-nos neste segundo Domingo o inicio da missão de João, situando-a na história Pretende mostrar-nos que a salvação de Deus, que está para chegar com Jesus e que João prepara, não é algo intemporal, fora do tempo dos homens, mas que se insere numa história e geografia muito concretas. De facto, os projectos de Deus cumprem-se dentro e através da história dos homens. A Palavra que Deus dirige a João torna urgente a sua missão. João tradu-la muito bem através da urgência da mudança ou conversão. Para isso todas as diferenças devem ser superadas, redimensionadas, dar lugar a um modo diferente de exercer o poder; é necessário rever a forma de vida e de organização dos homens que criam divisões, injustiças.

P. Francisco Couto

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