sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Comentário às Leituras do Domingo V do T. Comum (ano C)

Cristo tem vindo a fazer connosco um caminho de vida! Tudo começa no Baptismo; depois apresenta o seu projecto de vida – o nosso projecto de vida cristã –, manifestado em palavras e actos; hoje é chegado o desafio concreto e explícito de com Ele partirmos em missão.

Do interior da comunidade e no quotidiano de cada um, Cristo passa desafiando, chamando. Mas este chamamento não é um convite simplesmente ao fazer; é uma vocação, ou seja, uma experiência interior, por forma a que o chamado seja presença profética do anúncio de Cristo morto e ressuscitado na comunidade e não tão somente presença técnica.

A primeira leitura, de Isaías, é um relato, na primeira pessoa, da experiência chamamento-vocação do profeta que leva, como toda a verdadeira vocação leva, a uma vocação-missão! Da contemplação de Deus três vezes santo, o profeta percebe a sua fraqueza e indignidade; reconhece o seu pecado; sente-se...pequeno... quem sou eu para poder anunciar a verdade de Deus, a sua palavra? No entanto, Deus não tem medo do pecado de Isaías nem da sua fragilidade. Antes, toca-o, purifica-o e habilita-o a ser arauto da vida do Deus três vezes santo! Deus não tem medo do nosso medo! Isaías não tem dúvidas: há que deixar o estar diante de Deus de forma estática e assumir que a comunidade necessita dele!

O anúncio profético do Apóstolo Paulo, na segunda leitura deste quinto Domingo do Tempo Comum, revela a fidelidade à palavra recebida, cuidadosamente guardada e, mais ainda, fielmente transmitida: «Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei». Entre o acolher e o transmitir está a sua vida, a qual é fruto e sintese da sua vocação, do seu apostolado. A sua verdadeira e única vocação-missão é anunciar Cristo morto e ressucitado!

O Evangelho de Lucas, relata-nos o chamamento dos primeiros apóstolos. De maneira um pouco teológica, Lucas coloca Jesus no quotidiano da vida dos homens onde lhes anuncia a sua Vida e Palavra e os coloca em contacto com a realidade da missão. Muito semelhante à experiência de Isaías, Pedro, André e os restantes, fazem uma experiência pessoal de Cristo, reconhecem (Pedro) o seu pecado e, como Isaías, não resistem ao desafio do Mestre. Isaías descobre a sua vocação-missão no templo; os primeiros apóstolos no quotidiano da vida. Um e outro lugar são sinal da comunidade, lugar onde ressoa a voz do Senhor; e é dela que cada homem, que pretende receber luz, consolação e esperança, se deve aproximar. Aí deverão encontrar, não só Jesus, mas também sempre aqueles e aquelas que fielmente confiam na Palavra, se deixam conduzir por Pedro (Igreja) e percebem que o milagre é fruto da Palavra verdadeiramente acolhida e celebrada.

P. Francisco Couto

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