quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pio XII e a II Guerra Mundial

CONCLUSÃO

Em Novembro de 1950, no periódico “Commentarg”, Léon Poliakov escreveu: “É doloroso dever afirmar que, num tempo em que as câmaras de gás e os fornos crematórios funcionavam noite e dia, a alta autoridade do Vaticano não achou necessário pronunciar uma clara e solene condenação, da qual o eco se faria soar e se difundiria em todo o mundo; e todavia não se pode dizer que não existissem motivações pertinentes e válidas para este silêncio”. Este juízo histórico de Léon Poliakov sintetiza bem a questão com que se confrontam os historiadores ao abordarem a questão de Pio XII e o holocausto dos Hebreus. Este juízo de Poliakov, é de forma muito inteligente e criteriosa reafirmado por Paulo VI, logo após a sua eleição papal e publicada no The Tablet, diz Paulo VI: “Pio XII desejou imergir-se plenamente na história do seu tempo tão complexo: com a consciência profunda de ser mesmo parte daquela história, desejou tomar parte nela totalmente, condividindo os sofrimentos no próprio coração e na própria alma”[1].

De facto, Pio XII viveu momentos absolutamente dramáticos, em que de consciência assumida teve de escolher e optar entre caminhos diversos, mas todos eles complexos e cheios de dor humana. Será fácil, à distância e fora dos dramas vividos por Eugénio Pacelli, fazer um juízo da sua pessoa e opinar por aquilo que teria sido melhor, porém, só a vivência dos acontecimentos pode dar plenitude de entendimento para perceber, tanto quanto possível por dentro, Pio XII.

Acerca da personalidade de Pacelli chegou-nos um testemunho de Sir D’Arcy Osborne, representante diplomático da Inglaterra junto da Santa Sé, o qual enquanto os Alemães ocuparam Roma, foi obrigado a viver no Vaticano; escreveu Sir Osborne: “Pio XII foi a pessoa de calor humano maior, a pessoa mais cortês, generosa e disponível e santa que eu tive o privilégio de conhecer ao longo da minha vida”.[2]

É muito difícil avaliar com precisão e rigor os resultados que o Papa Pio XII obteve com as suas diversas acções a favor do povo Hebreu perante o drama do Holocausto deste povo às mãos dos “Nazis”.

Aceita-se como cifra aproximada, milhões de vítimas. A cifra dos que conseguiram sobreviver às perseguições calcula-se em cerca de 950.000. Destes sobreviventes, 70% a 90% foram salvas pelas diversas medidas adoptadas pelos católicos. O resultado destes cálculos é globalmente aceite como correcto.[3]

Perante o número dos assassinados, o número dos salvos surge aparentemente reduzido, porém este pequeno resultado aponta a vontade da Igreja Católica, sob a orientação do Sumo Pontífice Pio XII. De facto, os católicos entraram em favor da vida de todos e de cada um dos seres humanos e este sinal não é um dado minimizável.

O êxito das medidas concretas propostas pela Igreja variavam de país para país e foram-se modificando ao longo dos anos. Pode-se afirmar que os êxitos dos esforços pontifícios foram mais eficazes onde a influência da Santa Sé era maior e onde eram menores as possibilidades de intervenção directa de Hitler. Assim, na Eslováquia, Hungria, Roménia, Croácia e Itália foi grande o êxito conseguido pela Igreja Católica em favor do povo Hebreu, sempre dentro dos limites relativos que as cifras apresentadas nos sugerem[4].

Na cidade de Roma, pode comprovar-se factualmente que a rápida interrupção da famosa “razzia” de 16 de Outubro de 1943, se deveu a uma iniciativa pessoal de Pio XII[5].

P. Senra Coelho

[1]Cf. Tablet, Londres, 29 de Junho de 1963.
[2]In The Times, Londres, 20 de Maio de 1950.
[3]K.REPGEN, La Politica Exterire Vaticana en La Época de Las Guerras, in Manual de História de la Iglesia, op. cit., pag. 77 – 80.
[4]Cf. Tablet, Londres, 29 de Junho de 1963.
[5]In The Times, Londres, 20 de Maio de 1950.
[6]K.REPGEN, La Politica Exterire Vaticana en La Época de Las Guerras, in Manual de História de la Iglesia, op. cit., pag. 77 – 80.

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