quarta-feira, 17 de março de 2010

Preparando-nos para receber Bento XVI

Os Apóstolos, Testemunhas e Enviados de Cristo

Ao visitar Portugal no centenário do nascimento da Bem Aventurada Jacinta Marto, a mais nova dos Pastorinhos videntes de Fátima, fica assinalado de modo indelével o Amor de Bento XVI por Portugal, pelas suas gentes e pela sua História Religiosa.

Como os grandes acontecimentos das nossas vidas e da nossa comunidade nacional não se improvisam, mas devem ser atento e devotamente preparados, apresento mais este contributo, procurando com ele aprofundar a Apostolicidade da Igreja, continuada hoje no Colégio Episcopal, presidido pelo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro. Este artigo baseia-se na Catequese proferida por Sua Santidade Bento XVI, na habitual audiência geral das Quartas Feiras, concretamente no dia 22 de Março de 2006. O leitor poderá aprofundar esta temática no livro «Os Doze Apóstolos e os Primeiros discípulos de Jesus», Bento XVI, Paulus Editora, 2008.

Dizer que a Igreja é “apostólica” significa afirmar que a Igreja de Jesus Cristo é aquela que parte desses “doze”. O que Cristo disse e fez chegou-nos pela via apostólica. Sem os Apóstolos não teríamos Igreja nem saberíamos nada do seu Fundador. Mesmo depois do desaparecimento terreno dos “Doze a Igreja continua a ser apostólica em virtude do Espírito que assiste e nela suscita outros homens que perpetuam, na fidelidade às origens, a missão dos apóstolos.

A apostolicidade não se esgota no facto de a Igreja ter sido fundada sobre os apóstolos. A apostolicidade inclui, além disso, a fidelidade à doutrina de Cristo que os apóstolos nos transmitem. Essa fidelidade é garantida pela sucessão ininterrupta dos “Doze” na Igreja de Jesus. É, portanto, na sucessão apostólica ininterrupta que se há-de encontrar a ligação da Igreja de qualquer tempo à Igreja d primeiro tempo. É na sucessão apostólica que se há-de, em última análise, descobrir a raiz da Igreja verdadeira. A Igreja verdadeira será, portanto, aquela que se encontra na tradição, ligada aos “Doze” pela doutrina e pela sucessão.

1- Santo Padre, Jesus Bom Pastor, convida os Doze para serem como Ele, também eles, Bons Pastores. Ajude-nos a compreender melhor a “pastoral Vocacional” de Jesus.
A Carta aos Efésios apresenta-nos a Igreja como uma construção edificada "sobre o alicerce dos Apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus" (2, 20). No Apocalipse o papel dos Apóstolos, e mais especificamente dos Doze, é esclarecido na perspectiva escatológica da Jerusalém celeste, apresentada como uma cidade cujos muros "tinham doze alicerces, nos quais estavam gravados doze nomes, os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro" (21, 14). Os Evangelhos concordam em referir que a vocação dos Apóstolos marcou os primeiros passos do ministério de Jesus, depois do baptismo recebido do Baptista nas águas do Jordão.

Segundo a narração de Marcos (1, 16-29) e de Mateus (4, 18-22), o cenário da vocação dos primeiros Apóstolos é o lago da Galileia. Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar se pousou sobre dois pares de irmãos: Simão e André, Tiago e João. São pregadores, empenhados no seu trabalho quotidiano. Lançam as redes, consertam-nas. Mas outra pesca os aguarda. Jesus chama-os com decisão e eles seguem-no imediatamente: agora serão "pescadores de homens" (cf. Mc 1, 17; Mt 4, 19). Lucas, ainda que siga a mesma tradição, faz uma narração mais elaborada (5, 1-11). Ele mostra o caminho de fé dos primeiros discípulos, esclarecendo que o convite para o seguimento lhes chega depois de terem ouvido a primeira pregação de Jesus e experimentam os primeiros sinais prodigiosos por ele realizados. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto imediato e oferece o símbolo da missão de pescadores de homens, que lhes foi confiada. O destino destes "chamados", de agora para o futuro, estará intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado mas, ainda antes, um "perito" em Jesus. (cont.)

P. Senra Coelho

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