quarta-feira, 26 de maio de 2010

No Centenário do nascimento de Jacinta, Bento XVI peregrino de Fátima

PARTE II

As aparições, como sabemos, aconteceram no ano de 1917, em plena Primeira Guerra Mundial (1914-18), porém, a Irmã Lúcia faz referencias a uma outra guerra, que haveria de acontecer e que historicamente identificamos com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Citamos na íntegra o relato da Lúcia:

«Um dia fui a sua casa, para estar um pouco com ela. Encontrei-a sentada na cama, muito pensativa.
- Jacinta, que estás a pensar?
- Na guerra que há-de vir. Há-de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno! Hão-de ser arrasadas muitas casas e mortos muitos Padres. Olha: eu vou para o Céu. E tu, quando vires, de noite, essa luz que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também!
- Não vês que para o Céu não se pode fugir?»

Foi o Papa Pio XI quem protagonizou de modo directo com a fermentação da Segunda Guerra Mundial iniciada há 70 anos, através das suas diversas tentativas de diálogo com os regimes totalitaristas.

O grande dilema com que se enfrentava Pio XI frente aos Estados com legislação, ou práticas hostis à Igreja, era a ausência de meios suficientes e eficazes para intervir nestas situações e a dificuldade ou impossibilidade de calcular as consequências e as implicações secundárias que poderiam derivar para Igreja na sua dimensão universal. Este dilema colocava-se com particular ênfase em relação aos sistemas totalitários da Rússia dominada pelos bolcheviques e da Alemanha nacional socialista. Entendemos por «totalitarismo» a pretensão de dispor sem limites e com absoluta exclusividade da totalidade da existência humana, até ao substrato da própria consciência.

No Vaticano, nunca tinha havido dúvidas sobre as delimitações eclesiásticas na relação com o comunismo, totalitário na sua essência, ainda que não se utilizasse o termo “comunismo”. Se, entre 1921 e 1927 a Santa Sé anunciou que poderia estabelecer relações diplomáticas com a União Soviética, esta atitude pode explicar-se à luz dos princípios posteriormente explicados por Pio XI a 14 de Março de 1929, com a seguinte afirmação: “Quando se tratar de salvar, ainda que seja uma única alma, ou de impedir maiores danos para as almas, nós teremos a coragem suficiente para tratar com o Diabo em pessoa”.

P. Senra Coelho

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