terça-feira, 25 de maio de 2010

Pastor Hermae: a herança do judeo-cristianismo

Breve resumo doutrinal. Estrutura e conteúdo.

Depois destes doze Mandamentos ou preceitos, seguem-se as dez Parábolas que se desenvolvem sob a mesma orientação moral e exortativa dos Mandata. Eis o resumo das mesmas:

- Primeira Parábola: as duas cidades. O cristão reside, neste mundo, como num país estrangeiro e hostil, do qual pode, a qualquer momento, ser ex-pulso. É, por isso, sinal de insensatez acumular riquezas na cidade terrena em vez de investir, usando as riquezas deste mundo, nos bens eternos da cidade celeste: “Disse-me ele: Vós os servos de Deus sabeis que habitais em terra estrangeira, pois a vossa cidade está muito longe desta. Se, por conseguinte, tendes conhecimento da vossa cidade em que ides habitar, porque preparais aqui campos, grandes prédios, edifícios e habitações supérfluas? Realmente, quem prepara estas coisas nesta cidade, não espera voltar à sua cidade. Ó homem insensato, céptico e miserável! Não vês que todas estas coisas são de país estranho e propriedade de outrem? Dir-te-á, pois, o senhor desta cidade: Não quero que continues a habitar nesta minha cidade, portanto, sai dela, porque as minhas leis não te servem. Tu que possuis campos, habitações e ou-tras muitas propriedades, sendo deste modo por ele expulso, que vais fazer ao teu campo, à tua casa e demais coisas que preparaste para ti? É evidente que o senhor deste país dir-te-á com todo o direito: - Ou tu cumpres as minhas leis, ou sais do meu país” (50,1-4)
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- Segunda Parábola: o olmo e a videira. Estes simbolizam o rico e o pobre que se ajudam mutuamente: o primeiro, através dos seus bens materiais, o segundo com o grande bem espiritual, que é a oração:” Estás a ver o olmo e a videira?- Estou, Senhor, respondo. Esta videira dá fruto, mas a árvore do olmo, não dá. Em todo o caso, se esta videira não trepar o olmo, não pode dar muito fruto, por ficar prostrada na terra, e o fruto que der, dá-lo-á podre, por não se encontrar suspensa no olmo. Quando, pois, a videira se arrima ao olmo, não só dá fruto por ela como pelo olmo. Vês, portanto, que também o olmo dá muito fruto, não menos que a videira, mas até mais- Mas como dá ela mais, Senhor, pergunto?- Porque a videira, disse ele, quando se encontra suspensa no olmo, dá muito e bom fruto, mas, quando prostrada na terra, dá pouco e podre. Esta parábola aplica-se efectivamente aos servos de Deus: ao pobre e ao rico.- Explica-me, Senhor, de que modo. –Ouve, disse. O rico possui muitos bens, porém, aos olhos do Senhor é pobre. Porque embrenhado na sua riqueza, a oração e o louvor que faz ao Senhor é insignificante, e quando as faz, são breves, fracas e destituídas de eficácia divina. Quando o rico se apoia no pobre e generosamente lhe oferece tudo quanto necessita, convicto de que o que fizer ao pobre poderá encontrar a recompensa junto de Deus ( enquanto o pobre é rico na oração e no reconhecimento e a sua oração tem grande poder junto de Deus), então o rico tudo oferece ao pobre sem hesitar. O pobre ajudado pelo rico, intercede por ele, dando graças a Deus pelo seu benfeitor e o rico zela pelo pobre, para que nada lhe falte na sua vida, pois sabe que a petição do pobre é aceite e rica perante Deus” (51,2-6).
Drª. Teresa Pereira

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